Comumente chamados de berçário da vida marinha, os estuários são conhecidos por serem regiões de grande biodiversidade. São muitas as espécies, tanto de animais vertebrados, quanto invertebrados e plantas, que estão ligadas a esse ecossistema de alguma maneira. Assim é o estuário de Cananéia, inserido no que hoje é o maior remanescente contínuo da Mata Atlântica, em uma região conhecida como Lagamar, que vai do litoral sul do Estado de São Paulo até o litoral do Estado do Paraná, compreendendo o estuário de Paranaguá.
Mas se são muitas as espécies de animais e plantas que habitam essa região e todas as espécies são igualmente importantes para o meio ambiente, porque tanto esforço em se estudar um animal em especial? E mais ainda, porque estudar e conservar o boto-cinza?
Justamente pelo fato de existirem tantas espécies em um único local, faz com que seja praticamente impossível conhecer e estudar todas elas profundamente, embora os pesquisadores se esforcem bastante para isso e estejam sempre querendo conhecer um pouco mais sobre cada animal e planta diferente que encontra pelo caminho. Uma das alternativas para contornar esse desafio e conseguir conservar um grande número de espécies é focar no que os pesquisadores chamam de espécie guarda-chuva e espécie bandeira.
As espécies guarda-chuva são aquelas espécies que ocupam uma grande extensão de área, principalmente devido as características do seu modo de vida. Como precisam de grandes áreas para viver, sua conservação só será possível se protegermos grandes espaços do meio ambiente, seja na terra ou no mar. Desta forma, ao protegermos as espécies guarda-chuva, muitas outras espécies também se beneficiam dos ambientes que serão mantidos da melhor maneira possível.
Já as espécies bandeira, são aquelas espécies, em sua maioria das vezes carismáticas, que são utilizadas para representar uma causa ambiental. Chamam a atenção das pessoas de modo que possam levar informações de sensibilização e conscientização para diferentes problemáticas em nosso planeta.
O boto-cinza pode ser considerado tanto uma espécie bandeira, quanto uma espécie guarda-chuva. Assim, temos uma vantagem ao nosso lado ao estudarmos esse animal e lutarmos pela sua conservação.
Muito além disso, o boto-cinza possui outros pontos importantes que vão além da sua relevância para o ecossistema no qual ele vive. Na região de Cananéia, os passeios turísticos para observação do boto-cinza é uma importante atividade turística para o município. Diversos profissionais podem ser beneficiados através de pessoas que vem até Cananéia para fazer um passeio de barco e ver de perto esse simpático animal.
É por esse e tantos outros motivos que os pesquisadores do Projeto Boto-Cinza se dedicam há anos estudando e conhecendo cada vez mais esta espécie. Somente sabendo como está sua população, que regiões mais utilizam, o que comem, como se comunicam, vamos poder entender quais os impactos que as atividades do homem podem atingir os botos de Cananéia e qual a melhor forma de evitá-los. Conservar o boto-cinza é lutar para que esses animais continuem utilizando a região de Cananéia por muito anos e consequentemente manter todo o estuário em condições para que vivam com saúde.
Como consequência de sua conservação no estuário de Cananéia, muitas outras espécies se beneficiarão, aproveitando das águas limpas da região, dos manguezais saudáveis e do ar sem poluição, inclusive o próprio homem.
Em breve vamos falar mais sobre o turismo de observação de botos-cinza em Cananéia e sobre as atividades de pesquisa do Projeto Boto-Cinza. Fique ligado em nossas redes sociais e nos acompanhe em nosso blog.
O Projeto Boto-Cinza é uma realização do Instituto de Pesquisas Cananéia e conta com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.