Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias 2020

O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias (DMLRP) acontece sempre no terceiro sábado de setembro, trata-se de um programa sem fins lucrativos coordenado desde 1986 pelo Ocean ConservancyCentro para a Conservação da Vida Marinha.  No Brasil acontece desde 1997, sendo organizado regionalmente pelo IPeC e parceiros a partir de 2002.  Aqui em Cananéia pode parecer que é um evento que acontece em apenas um dia no ano, mas não é! Sempre foi planejado com a participação das escolas, professores, alunos e junto as demais instituições parceiras, para trazer a reflexão de que um dia não será suficiente para resolver a problemática do lixo. O intuito do evento não é “limpar” a praia, mas sim contribuir para pensarmos a respeito do descarte correto do lixo, sobre o uso de recursos naturais e como o menor consumo pode diminuir esse problema.

Ação do Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias de 2019 na praia do Boqueirão Sul, Ilha Comprida

Neste ano, o Projeto Boto- Cinza estaria à frente da organização do evento na região de Cananéia- SP, porém, por conta da pandemia da COVID-19 e respeitando as regras da OMS (Organização Mundial de Saúde) não teremos essa mobilização. Então, a ideia para 2020, como alternativa para as atividades presenciais, é enfatizarmos a reflexão de que apesar do lixo ser uma problemática gigantesca, algumas ações podem ser adotadas para, ao menos, minimizar essa questão.   Embora seja usado o termo ‘limpeza’, trata-se, na verdade, de um momento de sensibilização coletiva sobre o acumulo de lixo e de como esse lixo – principalmente no mar, que é de todos e sem fronteiras – muitas vezes acaba não sendo de responsabilidade de ninguém.

E sem a “limpeza” é possível realizar o Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias?

Sim, do mesmo modo como estamos aprendendo a adaptar outras atividades devido ao atual momento de isolamento social, o DMLRP também pode ser celebrado através de inúmeras outras atividades, que não a coleta do lixo nos rios e nas praias, mas que representam ações importantes para refletir sobre a problemática, contribuindo assim para o processo de sensibilização.

Pensando nisso, aqui no IPeC, o Projeto Boto-cinza vai desenvolver algumas atividades ao longo dessa semana com o objetivo de contribuir para a divulgação do evento, gerar maior conhecimento sobre a gestão do lixo na região de Cananéia, incluindo a sua área rural e a Ilha do Cardoso,  e também conhecer um pouco sobre as iniciativas para a  gestão do lixo no mar do litoral do estado de São Paulo. Essas atividades serão divulgadas em nossas mídias sociais.  Pensando nisso, vamos refletir no que podemos ajudar?

Acompanhem, divulguem e participem!!!!

O Projeto Boto-Cinza é uma realização do IPeC  e conta com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

 

Ecologia Comportamental

Você já parou para pensar por que nós temos tanta curiosidade em compreender os comportamentos realizados pelos animais que nos cercam? Seja em zoológicos, programas de vida selvagem e até mesmo quando olhamos despercebidamente por alguns minutos nossos fiéis felinos caçando bolinhas de papel. Se pensarmos evolutivamente, os homens mais primitivos podem ter utilizado o que aprenderam durante essas observações para arquitetar estratégias de defesa, alimentação, domesticação e por que não, para compreender seus próprios complexos comportamentos? Atualmente o estudo do comportamento animal, também conhecido como etologia, vem se consolidando como uma importante ferramenta para compreender padrões específicos de uma espécie, suas interações com outras espécies e com o ambiente em que vivem. Já a ecologia comportamental pode ser considerada um ramo mais específico e representa uma importante ciência interdisciplinar que integra fisiologia, ecologia, psicologia e aborda também quais as causas evolutivas de um determinado comportamento.

O ponto de partida para quem quer estudar comportamento animal é a descrição detalhada dos comportamentos em um catálogo, ou etograma. A partir daí o pesquisador deve ter em mente algumas perguntas clássicas: quais estímulos (do próprio animal ou do meio em que vive) provocam este comportamento? Como este comportamento auxilia na sobrevivência da espécie? Como este comportamento surgiu ao longo da evolução e se desenvolve ao longo da vida do animal? E como todas as perguntas na Ciência, estas também não são facilmente (ou rapidamente) respondidas. Por isso, vale ressaltar que o estudo comportamental requer não apenas um conhecimento prévio da espécie, mas também exige dedicação, esforço e muuuita paciência, uma vez que as áreas em que os animais vivem muitas vezes não facilitam! Você já imaginou a dificuldade em observar animais em lugares muito isolados ou inóspitos? Como, por exemplo, no alto de uma  montanha ou  nas profundezas do oceano. Pois é, e essas características particulares de cada ambiente podem tornar o processo de observação um tanto quanto desafiador.

Os pesquisadores do Projeto Boto-Cinza fazem os registros dos comportamentos em tabelas previamente definidas (Foto: Thaís Macedo)

Os animais aquáticos representam um ótimo exemplo da dificuldade que estamos falando. Algumas espécies dependem do ambiente marinho apenas para obtenção de alimento e reprodução, como é o caso de lobos marinhos e ursos polares. Outros, como as baleias e golfinhos, passam a vida inteira no ambiente aquático, subindo a superfície apenas para respirar ou realizar comportamentos muito específicos. Porém, essa dificuldade não impediu o desenvolvimento de pesquisas buscando descrever o comportamento de inúmeras espécies de mamíferos marinhos. E é graças a estas pesquisas (e a estes pesquisadores persistentes) que hoje sabemos, por exemplo, que orcas realizam estratégias de alimentação altamente especializadas e que cada indivíduo do grupo exerce uma função específica durante a caça, ou que fêmeas de cachalotes podem auxiliar no cuidado dos filhotes na ausência da mãe durante os longos períodos de mergulho em busca de alimento.

Em uma escala mais regional, vamos falar então sobre o boto-cinza, uma das pequenas espécies de cetáceos costeiros que habitam a região do Complexo Estuarino Laguna de Cananéia, no litoral sul do estado de São Paulo. Desde 1999, com a criação do Projeto Boto-Cinza pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), pesquisadores de diferentes locais e universidades vêm até a região para observar esta espécie e acrescentar conhecimento ao que já sabemos da biologia e ecologia desta espécie. Estas pesquisas buscam avaliar através do comportamento, por exemplo, como estes animais obtém seu alimento, quais as estratégias de cuidado com a prole, como se relacionam entre si e com outras espécies, como se comunicam, e por fim, como as atividades humanas (como a pesca e o tráfego de embarcações) podem influenciar seus comportamentos e, consequentemente, afetar a dinâmica e estrutura desta população.

 

Indivíduo adulto e filhote de boto-cinza nadam lado-a-lado no Estuário de Cananéia, litoral sul do Estado de São Paulo (Foto: Julia Pierry)

 

Indivíduo de boto-cinza realiza deslocamento em superfície (Foto: Julia Pierry)

Fique ligado, pois traremos em detalhes o que temos aprendido sobre os comportamentos do boto-cinza na região de Cananéia e em outros locais ao longo da sua distribuição!

O Projeto Boto-Cinza é uma realização do Instituto de Pesquisas Cananéia e conta com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental

 

 

 
 
 

Educação ambiental para primeira infância: um bom começo faz toda diferença.

A primeira infância, caracterizada pelos anos iniciais da vida da criança (0-6 anos), é muito importante para a formação do indivíduo e aqui gostaria de enfatizar o papel das escolas nesse processo. Em termos de educação, investir em programas para melhorar a qualidade do ensino na primeira infância significa uma das principais estratégias para se alcançar um ensino de qualidade no futuro.  E aqui cabe uma observação: de uma forma muito resumida, podemos pensar que essa qualidade de ensino passa por investir tanto na formação dos professores como também na estrutura física das creches e pré-escolas. 

É importante pensar na formação dos professores que estão voltados para o ensino da primeira infância, pois esses educadores serão responsáveis por apresentar algumas das primeiras experiências na vida destas crianças: sensações, sentimentos e impressões que certamente irão contribuir para a formação moral e ética destes pequenos.  Por outro lado, a estrutura física das creches e pré-escolas também deve ser olhada pensando no desenvolvimento das crianças, para estimular o desenvolvimento físico, motor, intelectual e social. 

Ok, primeira infância é muito importante para a formação do indivíduo, mas onde entra a educação ambiental?     

Sabemos dos grandes desafios que é alcançar uma educação infantil de qualidade, principalmente em espaços públicos, em um país que impõe tantos desafios para a educação de uma forma geral.  Mas hoje trago um convite para refletir sobre a importância da educação ambiental para a educação infantil, partindo do princípio que quanto mais cedo isso acontecer, mais natural vai se tornando o processo.  E aqui cabem mais algumas observações:  primeiro, devemos tentar estimular continuamente a interação das crianças com o meio ambiente e dentro das atividades desenvolvidas pensar que tipo de educação ambiental está sendo adotada e se de fato está contribuindo para a formação crítica destas crianças. Também devemos pensar nos educadores, será que os nossos professores estão recebendo a devida atenção para o desenvolvimento destas atividades? Sabemos que muitas crianças irão receber nesses espaços públicos as informações iniciais sobre questões ambientais e isso precisa ser realizado com responsabilidade, o que infelizmente nem sempre acontece, por diferentes motivos e interesses.

 Claro, que esses encontros precisam ser adaptados para a educação infantil, considerando as características do desenvolvimento das crianças, utilizando de metodologias que sejam acessíveis e lembrando que se trata de uma prática educativa e como tal é importante que seja pautada em pedagogias participativas.

 Acreditamos que implementar a educação ambiental na infância de fato colabora para a formação de um pensamento crítico ao longo dos anos, até o ponto que essas reflexões possam considerar diferentes fatores para se pensar em problemas ambientais e suas consequências.  Por exemplo, que essas atividades iniciais possam conduzir com o passar dos anos a ideias mais contextualizadas sobre o que é meio ambiente e as relações sociais que causam os problemas ambientais.  Dessa forma estamos pensando na formação desses alunos em relação ao meio em que vivem, considerando não só os aspectos naturais, mas também sociais, políticos e econômicos que caracterizam a vida em sociedade.

Agora você pode estar pensando: mas isso não é muita informação para uma criança?  Sim, pode parecer, caso ela precisasse ler uma postagem.  Mas como dito anteriormente, educação é um processo de longo prazo, que necessita de uma linguagem diferenciada para cada público. E mesmo sendo um desafio, é importante que a educação ambiental também seja direcionada para a primeira infância, de formada adequada, pois ela é a base de todos os processos educativos e um bom começo faz toda a diferença.

Hoje estamos comemorando o dia Nacional da Educação Infantil e gostaríamos de reforçar a importância do tema e parabenizar todos os educadores desta área.  Nós do Projeto Boto-Cinza estamos direcionando algumas atividades para a primeira infância, sempre com o apoio de educadores locais e esperamos em breve compartilhar também a nossa experiência.  Obrigada pelo apoio, façam sugestões e entrem em contato, isso é muito importante para todos nós!!!

O Projeto Boto-Cinza é uma realização do Instituto de Pesquisas Cananéia e conta com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental

 

 
 

Revista internacional publica artigo com dados do PMP-BS coletados por pesquisadores do IPeC

A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) é a maior das 5 espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil. Em 2016 ocorreu um evento incomum de mortalidade dessa espécie na região de Cananéia: um total de 23 animais foram encontrados mortos durante o monitoramento de praias realizado na região de Iguape, Ilha Comprida e Ilha do Cardoso (litoral sul de São Paulo) num intervalo de 4 meses.

Esse é um número bastante expressivo, visto que a média anual de ocorrência da espécie para região varia de 1 a 5 indivíduos. Além disso, a população de tartarugas-de-couro que vive no Brasil é bem pequena e segue ameaçada de extinção: menos de 20 fêmeas desovam anualmente nas praias do Espírito Santo, seu principal sítio de desova no país.

Os pesquisadores do IPeC estudaram esses encalhes e publicaram um artigo que relaciona esse evento incomum de mortalidade de tartarugas a outro evento incomum: uma afloração de águas vivas na região, possivelmente consequente de alterações climáticas. As águas-vivas são o principal alimento das tartarugas-de-couro e isso explicaria a aproximação delas da costa, já que normalmente essa espécie vive em águas mais oceânicas e profundas.

O grande problema é que ao se aproximar da costa, esses animais ficam mais suscetíveis a atividades relacionadas ao ser humano, como a pesca. E foi exatamente isso que um artigo publicado essa semana revelou: os pesquisadores do IPeC avaliaram minuciosamente 10 tartarugas-de-couro que estavam em melhor estado de decomposição e fizeram exames complementares que revelaram lesões cardíacas e respiratórias devido à asfixia. O estudo indica que os achados são altamente sugestivos de interação com rede de arrasto de fundo, um tipo de artefato que possui uma das maiores taxas de captura de animais marinhos entre todas as práticas de pescaria profissional. Além desses achados, o artigo também descreve algumas lesões observadas pela primeira vez nessa espécie em águas brasileiras.

A pesquisadora e médica veterinária Priscilla Carla destaca que esse estudo contribui para o conhecimento acerca dessa espécie que é tão pouco estudada: “Por serem animais oceânicos e com uma população pequena aqui no Brasil, é muito difícil que pesquisadores tenham acesso a carcaças em boas condições de serem estudadas. Além disso, esse artigo pode ser utilizado como evidência científica dos danos que a pesca causa a esses animais que estão criticamente ameaçados de extinção”.

O artigo foi publicado na revista européia Journal of Comparative Pathology, com o título: “Pathological Findings in Leatherback Sea Turtles (Dermochelys coriacea) During an Unusual Mortality Event in São Paulo, Brazil, in 2016”.

Para fazer Download do artigo, basta clicar aqui.

 

O IPeC é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS)uma atividade desenvolvida para o atendimento da condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O IPeC monitora o trecho 07 que compreende as praias da Ilha do Cardoso, Ilha Comprida e a Juréia (Iguape). Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou diretamente pelo (13) 3851.1779.

Novo Episódio do Papo de Boto no ar!

Essa semana o Projeto Boto-Cinza lança mais um episódio do Papo de Boto, uma série de podcast’s produzidos pela equipe de Educação Ambiental.

O tema desse novo episódio é PANDEMIA X MEIO AMBIENTE: PREVENÇÃO E BOAS INICIATIVAS.

Buscamos promover uma reflexão importante sobre o Meio Ambiente e como nós estamos conectados. Mais do que nunca, a Pandemia nos traz a reflexão de que nossas ações podem influenciar questões globais, como a disseminação de vírus por meio de desequilíbrios no ambiente, mas também que as nossas ações locais, sobretudo as ações positivas, podem trazer uma perspectiva de melhora nesse processo coletivo de enfrentamento deste momento.

Por isso, quando falamos de Meio Ambiente, precisamos ter uma visão do todo: relações sociais, econômicas e ambientais, pois os desequilíbrios em uma dessas questões, podem agravar o desequilíbrio das outras. Essa pandemia é nosso sinal de empatia e coletividade no planeta.

Pensando nisso, trazemos para a discussão pessoas de áreas importantes para contribuir com a compreensão dessa nova realidade. São elas: o veterinário Newton Tércio, da Estação Quarentenária de Cananéia, que nos ajuda a entender mais sobre o novo Coronavírus; a enfermeira Thais Calasans, que trabalha na linha de frente do diagnóstico dos casos de COVID-19; o psicólogo Lucas Petronilho, que apresenta inciativas para auxiliar as famílias vulneráveis do município de Cananéia; a caiçara Tatiana Cardoso, que nos conta sobre uma iniciativa regional de valorização econômica e cultural e Suzete Bernardo, agricultora do Sítio Bela Vista Agrofloresta, que mostra como podemos valorizar nossos produtos locais aqui no município.

O Papo de Boto está disponível nas plataformas agregadoras de podcast como Spotify, Deezer, Apple podcast e vai ao ar na Transmar FM 87,9 MHz.
Se preferir você pode fazer download do programa em nosso site Papo de Boto

Prestigiem nosso Papo de Boto! Um espaço importante de transmissão de conhecimento para todos!

O Projeto Boto Cinza é desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Cananeia (IPeC) e conta com o patrocínio da Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental.