Educação Ambiental

O programa de Educação Ambiental do Projeto Boto-Cinza tem como principal objetivo desenvolver atividades que possam contribuir para a formação de um pensamento crítico a respeito do meio ambiente e da vida em sociedade.  Acreditamos que a educação precisa ser fundamentada em processos participativos e dialógicos, com respeito ao conhecimento tradicional e características dos públicos envolvidos.  Sabemos do grande desafio que é trabalhar a educação ambiental como uma prática educativa voltada para os processos de ensino-aprendizagem, que prima por criar espaços participativos, com metodologias ativas, em que todos os atores possam ser responsáveis pelo próprio aprendizado.  Mas o desafio aqui não é visto como obstáculo, pois acreditamos que mudanças de uma forma geral, sejam de pensamentos, atitudes ou comportamentos, exigem processos complexos, com diferentes caminhos, muita participação da comunidade e acima de tudo, a confiança que através da educação podemos contribuir para melhorias na sociedade em que vivemos.

E como estamos pensando em trilhar esse caminho? 

Teremos atividades voltadas para os mais variados públicos e por isso contamos com o grande apoio de educadores, pesquisadores, gestores e moradores locais, para que possamos realmente tornar as atividades mais interessantes e com uma linguagem acessível a todos.  Também teremos a participação de artistas da região, atividades de contação de histórias, música, dança, teatro, rodas de conversa, jogos, atividades lúdicas, encontros em comunidades tradicionais, cruzeiros de arte e muita troca de conhecimento. Daí, nesse momento, você, que já escutou várias coisas sobre educação ambiental, que gosta do assunto e acredita no processo pode estar se perguntando: “nossa, será que essa conversa toda de participação vai ser pra valer?  Educação ambiental como prática educativa? Ensino-aprendizagem? Metodologias ativas? Será que vai ser aula?   Com tanta gente diferente juntas, será que isso vai dar certo?”

Pois bem meu caro leitor, é com grande prazer que lhe faço um convite:  acompanhe nosso projeto, ele está em formação, com muito planejamento e toda a equipe estudando a melhor maneira de tornar esse caminho um trabalho de qualidade, com experiências de aprendizagem para todos e tentando juntar: cultura, educação e pesquisa.

O Projeto Boto-Cinza é uma realização do Instituto de Pesquisas Cananéia e conta com patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental

Por Kelly Pansard
 
 
 
 
 
 

Projeto Boto-Cinza lança podcast “Papo de Boto”

O Projeto Boto-Cinza estreia hoje seu podcast “Papo de Boto”. O programa tem como objetivo abrir um espaço para conversas sobre diferentes questões socioambientais. Nossa  ideia é trazer convidados para discutir assuntos que possam ser interessantes para nossa região, abrir caminhos para novas reflexões e ter uma divulgação acessível aos diferentes públicos.

Para nosso episódio inaugural, o bate papo é em comemoração ao Dia Mundial dos Oceanos, celebrado no dia 08 de junho.  Esta data foi criada para relembrar a importância dos oceanos para a vida no Planeta Terra e discutir quais os diferentes impactos que as atividades humanas estão provocando nesse ambiente.

Em termos de relevância, sabemos que grande parte da superfície terrestre é formado pelos oceanos, que têm ampla importância para a manutenção da vida no mundo: são os principais responsáveis pela regulação do clima, representam uma grande variedade de biodiversidade e boa parte do oxigênio também é gerado nesse ambiente, através das algas marinhas. Além disso, também é relevante para a economia, por meio da extração de recursos naturais, transporte de mercadorias, turismo e algumas vezes, fornecedor de energia elétrica. 

Mas apesar de todo o seu valor, são inúmeros os impactos causados pela atividade humana aos oceanos e as consequências estão se tornando cada vez mais evidentes e ameaçando a manutenção da vida no planeta como um todo, inclusive a dos seres humanos.  E mesmo quem não mora no litoral ou depende diretamente do mar, influencia e é afetado por todas as consequências dos nossos impactos.  A questão não é simples de ser resolvida e não existe um único caminho. A Organização das Nações Unidas, dentro os seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nº 14, promove a conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos. A celebração do Dia Mundial dos Oceanos representa um espaço para divulgarmos essas reflexões e levarmos essas informações para públicos variados, por isso o título do nosso primeiro encontro é “a importância dos oceanos sob diferentes olhares”.

Convidados:
José Carlos – Pescador e morador tradicional da Ponta da Trincheira;

Letícia Quito – Bióloga, gestora da APA Marinha do Litoral Sul e ARIE do Guará e moradora de Cananéia-SP;

Noeli Neves – Monitora ambiental e moradora da comunidade tradicional do Itacuruçá;

Shany Nagaoka – Bióloga e técnica de campo do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS);

Tatiane Cardoso – Moradora tradicional da Nova Enseada e participante do coletivo mulheres artesãs da Enseada da Baleia, que trabalha com economia solidária.

Mediação:
Kelly Pansard – Coordenadora de Educação Ambiental do Projeto Boto-Cinza.

O Projeto Boto-Cinza é uma realização do @ipecpesquisas e conta com patrocínio @petrobras por meio do programa #PetrobrasSocioambiental.

 

 
 

Pesquisa Científica

           Todo ser humano tem, em maior ou menor grau, uma curiosidade pelo inexplicado. Buscamos tentar melhor compreender o mundo que nos cerca ao identificar padrões e possíveis explicações para os eventos, sendo que o acúmulo e transmissão dessa compreensão faz com que o conhecimento de uma geração possa ser maior que o da anterior. Entre várias formas de acúmulo e transmissão de conhecimento está a ciência, na qual pesquisadores, repetidas vezes, atualizam as explicações para os eventos ao nosso redor com base nos novos conhecimentos gerados.

Pesquisador coleta parâmetros ambientais durante expedição de campo no estuário de Cananéia, Lagamar Paulista.

 

No que tange a pesquisa científica de mamíferos marinhos, o entendimento do animal na natureza é essencial para gerar conhecimentos que possam ir além e embasar políticas públicas e educacionais. Dentro Projeto Boto-Cinza queremos entender quantos botos usam as águas ao entorno de Cananéia, onde se concentram, se embarcações alteram esse uso e como alteram. Para entender o comportamento dos botos nas proximidades de Cananéia, precisamos observar e ouvir os grupos e identificar os indivíduos daquele grupo, mas seria sem graça se fosse fácil, né? Cada método de pesquisa tem seus prós e contras; assim, utilizamos diferentes métodos complementares que nos auxiliam a ter um melhor entendimento do que queremos.

Conseguimos ver os botos, o tamanho do grupo, quantidade de adultos/filhotes e o comportamento de superfície quando sobem para respirar, mas isso é uma fração do que o animal está fazendo; debaixo da água a maioria das atividades são ocultas pelas ricas, porém turvas, águas do estuário. Conseguimos ouvir e gravar os sons debaixo d’água, mas se tiver dois ou mais grupos próximos à embarcação de pesquisa esses sons se misturam. Conseguimos identificar individualmente os botos, mas nem todos; não marcamos fisicamente cada indivíduo, fotografamos suas nadadeiras dorsais e identificamos marcas que nos permitem reidentificá-los em outro momento.

Grupo de botos-cinza (Sotalia guianensis) fotografados durante expedição de campo em atividade de comportamento de pesca. 

 

 

A observação do comportamento à superfície pode responder questões como: “qual o tamanho dos grupos?”, “quantos adultos jovens ou infantes?”, “como reagiram às embarcações que se aproximaram ou passaram?”.

Pesquisadora do Projeto Boto-Cinza durante expedição de campo em ponto-fixo para observação do comportamento do boto-cinza no estuário de Cananéia.

 

 

A gravação dos sons subaquáticos pode responder outras: “como é o som que os botos fazem depois de um barco passar… muda?”, “além de embarcações e dos botos, que outros sons estão nesse ambiente?”, “se tiver muitos barcos juntos, isso atrapalha os botos em sua comunicação?”.Pesquisadores realizam gravação dos sons produzidos pelo boto-cinza.

 

 

 

A fotografia das nadadeiras dorsais permite responder a outra gama de questões: “quantos indivíduos usam determinada área?”, “onde cada indivíduo foi encontrado mais vezes?”, “os botos estão sempre com os mesmo botos ou mudam de grupo?”.

O contorno da nadadeira dorsal é utilizado pelos pesquisadores como forma de identificar cada um dos indivíduos, como nossa impressão digital.

 

 

Quando unimos informações vindas de diferentes métodos de pesquisa com o mesmo animal em foco conseguimos saciar um pouco de nossa curiosidade e de tantas outras pessoas acerca do boto em nossa região.

A pesquisa científica do Projeto Boto-Cinza caminha lado a lado com nossa atuação na conservação; sendo assim, todas as informações coletadas são compiladas e traduzidas para uma linguagem amigável, de fácil compreensão para o nosso público alvo. Estes são dos mais variados possíveis, de crianças nas escolas públicas a turistas de passagem e de gestores de unidade de conservação a cientistas da área.

Continue ligado em nosso blog e nas redes socais para saber mais sobre o dia-a-dia das pesquisas e alguns dos nossos resultados.

O Projeto Boto-Cinza é uma realização do Instituto de Pesquisas Cananéia e conta com patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental

 
 
 
 

Projeto Boto-Cinza

O Projeto Boto-Cinza (PBC) foi o primeiro projeto a ser criado oficialmente pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), em 1999. Porém suas atividades tiveram início muito antes, quando, em meados da década de 80, o Professor Emygdio Monteiro-Filho, diretor geral e um dos fundadores do IPeC, realizava atividades de pesquisa a respeito do boto-cinza e outras espécies na região de Cananéia, litoral do Estado de São Paulo. O desenvolvimento destas atividades de pesquisa deu origem a uma das primeiras teses de doutorado com cetáceos no Brasil.

Embarcação de apoio à pesquisa Lobo-Marinho. Primeira embarcação de pesquisa do IPeC, que ajudou a fortalecer as atividades com o boto-cinza e outras espécies. Foto: Acervo IPeC.

Os anos se passaram e muitos pesquisadores fizeram parte do PBC. Foram inúmeras pesquisas individuais, como trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e até mesmo teses de doutorado, que contribuíram para a coleta de uma série de informações a respeito da espécie. Em 2008 essas informações foram consolidadas em um livro intitulado “Biologia, Ecologia e Conservação do Boto-cinza”.


Livro-texto Biologia, Ecologia e Conservação do Boto-Cinza. O Livro foi organizado por Emygdio Leite de Araujo Monteiro Filho e Karin D. Kempers de Araujo Monteiro e conta com a participação de vários pesquisadores da área.

Além das atividades de pesquisas, o PBC reuniu diversos pesquisadores na busca por meios de financiamento e incentivo para manutenção das atividades do projeto. E em 2011 o PBC foi contemplado com o patrocínio da Petrobras, através do edital de seleção público do chamado Programa Petrobras Ambiental.

Pesquisadores em pesquisa de campo para observação e registro do comportamento do boto-cinza no estuário de Cananéia, Estado de São Paulo.

Nessa oportunidade foi evidente o grande salto do projeto no quesito disponibilidade de recursos para pesquisa. Com esse apoio financeiro foi possível a compra de equipamentos de ponta, embarcação de pesquisa, suporte financeiro a pesquisadores por meio de bolsas de pesquisa, além da oportunidade de alcançar comunidades mais distantes com a intensificação das atividades de educação ambiental, que se concentraram nas escolas da rede pública de ensino, mas também puderam ser levadas para comunidades mais distantes do centro de Cananéia, por meio dos Cruzeiros EducArt.

Apresentação cultural para crianças durante edição do Cruzeiro EducArt realizado na comunidade do Marujá na Ilha do Cardoso, Cananéia – SP.

 

Em 2020 o Projeto Boto-Cinza pode contar novamente com o patrocínio da Petrobras, desta vez, através do Programa Petrobras Socioambiental. Agora as ações do projeto são focadas em quatro importantes pilares: A Pesquisa científica, a Educação Ambiental, as ações de Políticas Públicas e o desenvolvimento do Programa Jovem Pesquisador.

Nas próximas postagens do blog você terá a oportunidade de conhecer um pouquinho mais sobre as ações específicas para cada um desses pilares. Vamos apresentar qual o foco das pesquisas desenvolvidas, as metodologias trabalhadas nas ações de educação ambiental, como vamos atuar e agir em defesa de políticas públicas que visem a conservação do boto-cinza e também do Lagamar na região, além de poder acompanhar o dia a dia das atividades dos nossos Jovens Pesquisadores, através de suas próprias palavras.

Todas as atividades do IPeC, e também do PBC, são realizadas respeitando a cultura local e a realidade de cada indivíduo. O objetivo principal das nossas atividades como uma instituição de pesquisa é a Conservação da Vida Selvagem. Entendemos que essa conservação se faz com a participação de todos os atores da sociedade e nós, como pesquisadores, temos a oportunidade de trabalhar em meio a natureza e o dever de repassar todo nosso conhecimento adiante.

Fique ligado e acompanhe nossas mídias sociais para saber de todas as novidades do projeto diariamente.

Por Caio Louzada

 

IPeC abre vaga para área de comunicação

Com um novo projeto em andamento o IPeC intensificará as atividades de educação ambiental, pesquisa e atividades socioambientais! Para isso, estamos juntando esforços e buscando por pessoas que possam agregar à nossa equipe conhecimentos distintos e necessários para a realização de um ótimo trabalho!

Você é jornalista, diagramador, artista gráfico e/ou designer e tem paixão pela natureza? Você se inspira ao estar em contato com os animais e com o meio ambiente? Que tal morar numa cidade marcada por história e inserida num dos maiores estuários do mundo, e ainda por cima unir o seu esforço ao de pesquisadores e educadores ambientais em uma instituição que atua há mais de 30 anos na conservação da natureza?

Se você é essa pessoa e tem vontade de construir uma história com a gente, aproveite esta oportunidade e participe da nossa seleção enviando sua documentação para o email informado até o dia 22 de março/2020!